Voltar a escrever poesia
Um reencontro sempre
esperado
que nem sempre tem lugar
nos quartéis da minha mais
aguda consciência.
Mas ver-me assim nua
de máscaras e quotidiano
É sentir o veludo da pele
Virada do avesso.
Não tem cor estas palavras
São antes sabores que
colectei
para mais tarde degustar
enquanto o fogo da paixão
me consome
as folhas secas do esquecimento.
Clepsidra 2006
3 Comments:
Surpreende-me quem consegue tirar as máscaras que o quotidiano nos obriga a usar.
Mais que surpresa, sinto uma inveja miudinha, misto de admiração e sentimento de pequenez perante quem consegue ter a coragem e o discernimento de dizer publicamente o que lhe vai na alma. E de dizê-lo (escrevê-lo) bem.
Nunca consegui atingir esse nível (o teu) e dificilmente o conseguirei.
O que penso e o que faço, nos raros momentos em que saio do que me mascaro, e surjo à flor da minha pele, ficam registados na memória curta e apagados pelo passar dos dias.(mas a marca está lá). E o pouco que sai para o papel (ou para o teclado) fica-se por uma ínfima parte do que sinto ou do que sou..
A inveja é uma coisa muito feia... :)
A poesia é leve. Paira sobre o mundo a espera daqueles intrépidos que, com coragem, lançam fora os lastros da matéria para poderem então alcançá-las e tocá-las.
Tal como podemos ser Psicólogos de nós próprios, escutando as necessidades do nosso ser, também podemos expressar através das palavras (ou da música ou da pintura...) esses ecos que não podemos ignorar e que nos constroem. Eu apenas escolhi as palavras, mas cada pessoa tem a sua forma de expressar o que lhe é importante.
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