Da partida

Há algo na nostalgia da partida, mesmo que não seja para o desconhecido, que se infiltra na nossa pele secreta. Aloja-se cá dentro, cria o bichinho da saudade. Talvez um sentimento de pertença, mesmo sendo cidadã do mundo. Talvez uma certeza em regressar para reencontrar o que se deixou, intacto, a nossa espera. Talvez um encontro marcado no futuro, um sitio estabelecido, sorrisos a nossa espera. O calor dos amizade de sempre, o riso de sal à beira da praia. E trazer algo mais para partilhar, algo que nos fez crescer e ser mais nós. Levo portugal comigo e trarei a alemanha quando regressar.

Até mais *

Ela recorria sempre à doçura da recordação próxima dos finais de tarde na praia. Do encontro e depois da mistura da pele dos dois, que se tornava numa liga natural de impossível força e união. Ele contava-lhe as pestanas com a fixação de um minucioso coleccionador de ervanários. Gostava de as ver pousadas sobre a cara, como um astro de pontas soltas em quarto crescente. As camas onde dormiam, com o aroma quente que emanava das costas unidas, eram quadradas e cheias de luz, por força dos lençóis brancos.
Para além da paisagem das lagoas intocáveis que exploravam, eram as paisagens dos seus corpos que mais passatempos lhes davam à mente e às horas preguiçosas. A pele de areia macia e clara, os promontórios de imaginação onde era bom descansar a cabeça, a espuma nas pontas dos cabelos que apetecia provar.
E o mar, sempre o mar a chamá-los baixinho, a hipnotizá-los para a linha do horizonte em fogo e a prometer-lhes a profundidade dos seus sonhos.

Clepsidra 2006

A very naive post :)

Quando olho as estrelas penso se elas não estarão a olhar, pasmadas e quietas, para este azul agri doce em seu aquário redondo e continentes a boiar...