Gaivota
No olhar de uma gaivota encontro o grito que nunca soltaste. O que faltou dizer são ondas numa maré que não alcanço e que seguiu o seu rumo, o que falta ainda dizer são todas as páginas amarelas e bafientas de uma bíblia que não se abriu. Saberás da sacralidade do silêncio construído a partir de um amor impossível de concretizar. Saberás que o tempo é apenas uma coisa de difícil contorno e abstracção, que subscreves com uma dignidade lúcida e consentida. Não mais tentarei decifrar esses verbos tão raros, essas palavras de ébano e marfim, essas melopeias infinitas que se evaporam quando as tentamos expressar por frases. Recolho-me, como tu, no silêncio que me foi deixado, já sem rancor, já sem revolta. E compreendo que foi essa a tua escolha, esse será o teu fardo que carregarás com orgulho e que aceitarei.
9 Comments:
hmmmmm a broken heart?
pois..ou como lhe chamo coita de amor ;)
Palavras tão bem escolhidas...
Mas espero que nunca mais tenhas de escrever nada assim.
No entanto, escreve. Escreve outras coisas porque escreves muito, muito bem!
E... força!
:)
"coita"... uma palavra que me faz lembrar suor e coisas dessas :x
A derrota pode ser infligida mas também consentida. Falas de derrota que se denota consentida. Quem provocou o quê? Quem provocou quem? Que importa isso agora se a derrota (ou perda) é asumida?Clepsidra Corajosa!
Neste caso é uma mesmo uma causa perdida. E se é que me foi permitido optar, optei por respeitar o silêncio de quem não quer dialogar.
Sim.
então e se deixar partir... e ele voltar mas no fundo nunca partiu? :x
Em ti pode nunca partir.é o acto de o libertar e ele voltar, que está em causa, penso eu.
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